29 de abril de 2010

Psicopatas da mídia

Por Ana Luiza Fernandes e Mariele Velloso


Com uma proposta audaciosa e provocativa, o diretor John Herzfeld alcançou em 15 minutos (2001) o mérito de produzir um filme policial que envolve o espectador ao tratar não somente de violência, mas também de uma critica à mídia americana. A trama é excitante e exagerada, buscando ilustrar sem disfarces a ganância dos noticiários norte-americanos com recursos cinematográficos inusitados.

O filme narra a história de dois estrangeiros da Europa Oriental que vão aos Estados Unidos por diferentes motivos. Emil (Karel Rodes) busca um acerto de contas com seu ex-parceiro do crime e Oleg (Oleg Taktarov) sonha ser um famoso diretor de cinema. Ao encontrar com seu ex-parceiro, Emil descobre que ele havia gastado todo o dinheiro que lhe devia. Emil elimina o ex-parceria e sua companheira. Com uma câmera roubada, Oleg filma todo o crime pensando em produzir um filme com a sua própria direção e a atuação do amigo.

Motivado pela imprensa americana, Emil tem uma idéia ao assistir um programa televisivo que narrava a história de um assassino que se livrou da pena por ser considerado louco, e com isso ganhou fama e dinheiro. Seu objetivo é usar as imagens de assassinatos para se promover. Então, sua ultima atuação seria matar o famoso policial Eddie Fleming (Robert De Niro).

Os personagens são atraídos aos Estados Unidos pela mistificação que a indústria cultural, principalmente a publicidade e o cinema, constrói acerca da vida nesse país .Eles acreditavam que iriam usufruir das vantagens dos cidadãos americanos, porém o “sonho americano” não é para todos. Os estrangeiros, neste caso do Leste Europeu, são estereotipados pelo país como marginais que não fazem parte dessa sociedade excludente.

A trama causa várias sensações aos espectadores, desde a apreensão das cenas mais violentas até momentos de crítica e humor. Com a trilha sonora que procura ambientar o espectador ao clima da cena, a música se destaca como um componente marcante do filme. São usados barulhos inusitados como o som de animais em cenas agressivas, a música clássica agonizante na hora do conflito individual do psicopata Emil e o som acelerado de tambores em cenas de perseguição. Outros recursos utilizados no filme são as variações das cores usadas nas gravações de Oleg e a forma como ele filma. São usados truques como saturação, sépia e negativo nas cores das imagens dos crimes além da filmagem confusa feita por ele, disfarçando e atenuando a violência das cenas.


A crítica do filme é contra a imprensa americana e a exaltação às celebridades. Na película usa-se um programa fictício chamado Top Story para ilustrar como a mídia noticia fatos violentos para ganhar audiência. Com exagero, como preceitos éticos sendo esquecidos pelas empresas jornalísticas americanas. Quanto à exaltação das celebridades, a história alerta como a perseguição pela fama tornou-se um ideal para as pessoas que agem muitas vezes sem escrúpulos para alcançá-la. Esse ideal foi previsto pelo pintor e cineasta Andy Wahrol, que afirmou que “in the future everyone will be famous for fifteen minutes” (“no futuro, todo mundo será célebre durante quinze minutos”). A trama ilustra essa massificação da produção cultural e seu título faz uma analogia a essa frase.

O filme de John Herzfeld é interessante para quem procura um entretenimento crítico que se difere das produções clássicas de Hollywood.














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