30 de abril de 2010

Ideologia regada a sangue

Por Natasha Terra e Karen Abreu

Lançado em 1984, sobe a direção de Rolland Joffé, Os Gritos do Silêncio (The Killing Fields – Inglaterra) é uma produção baseada em fatos reais, desenvolvida no contexto da guerra civil do Camboja, abordando a trajetória de dois jornalistas envolvidos na cobertura dos trágicos acontecimentos.

O jornalista do The New York Times, Sydney Schanberg, (Sam Waterston) passa uma temporada em Camboja na parceria do guia e repórter local Dith Pran (Haing S. Ngor) para realizar matérias e manter informada a população americana sobre o sofrimento dos cambojanos.

O diretor consegue mostrar a importância dos meios de comunicação em situações de conflito e desespero, pois é através de jornalistas que a população consegue manter-se informada a respeito dos acontecimentos globais. O esforço de Schanberg é bastante enfatizado, uma vez que ele precisa enfrentar autoridades e lugares de riscos para conseguir fontes exclusivas e oficiais. Além disso, o jornalista consegue muitas informações sem confrontar o Código de Ética.

Os jornalistas não se intimidaram com as dificuldades oferecidas pelo terreno, pela briga e pela autoridade durante a luta armada e persistiram em suas buscas por novidades arriscando suas vidas. Diante de tal situação eram obrigados a se refugiarem em hotéis pequenos e trabalhar em sigilo, mesmo assim as notícias não deixavam de ser enviadas continuadamente.

Após se separarem em razão da retirada das tropas americanas, Schanberg volta aos Estados Unidos, onde recebe prêmios por sua bravura e responsabilidade, mas não deixa de procurar por seu amigo na Ásia. Nesta parte do filme, localiza-se um grande clichê: o americano que retorna como herói e o país comunista que passa a ser visto com inferioridade.

O clichê ilustra o etnocentrismo tão conhecido pelos espectadores em filmes americanos, o estadunidense salva a pátria ao se arriscar no campo de batalha para denunciar e tentar salvar o povo sofredor e necessitado das garras dos comunistas tiranos. Em Os Gritos do Silêncio, esta superioridade americana é enfatizada, principalmente, após a separação, quando Pran sofre calado as ameaças e imposições feitas pelos Khmer Vermelho, de um lado o Schanberg ganha prêmios e procura pelo seu amigo, de outro o asiático tentando sobreviver escondendo seus conhecimentos e sua história de vida.

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